terça-feira, 23 de julho de 2013

A nova geração da MPB

Por Hanna Oliveira
elis regina, caetano veloso, gilberto gil, chico buarque, maria bethânia
A velha guarda da MPB

São as águas de março fechando o verão... E a bossa nova! Em 1966, o ritmo de influências do sofisticado jazz estadunidense, com a malemolência do samba brasileiro, estava em decadência – a bossa nova daria lugar a MPB.

Talvez a MPB não seja tampouco uma confluência de ritmos tipicamente brasileiros. O gênero MPB surgiu em meio a um cenário de efervescência política, de uma cena cultural ávida por justiça em tempos de ditadura.

Nunca antes na história, precisou-se tanto usar figuras de linguagem para não cair na desgraça da censura. Ser concebida com esta finalidade faz com que sua riqueza e identidade sejam únicas, porém não tiram a capacidade de mudança.

E a metamorfose veio à galopada: a intitulada ‘Nova MPB’ traz em seus versos os valores individuais adquiridos, talvez, por uma sociedade construída aos moldes da globalização. Numa democracia ainda jovem, mas capaz de fazer com que a temática passasse do todo para a parte. A sinédoque aqui empregada não é de tudo ruim. As músicas de amor, intimistas, como a canção ‘Oração’ composta pela ‘A Banda Mais Bonita Da Cidade’, refletem a importância que este sentimento tem adquirido na grande maioria das composições da nova MPB, além de ter adquirido um tom pop, já que essa música é um dos famosos “chicletes” daqueles que grudam na cabeça e não saem nem com reza brava.

A Banda Mais Bonita Da Cidade.

A música 'Oração':


Os instrumentos de sopro têm estado presentes na nova geração. Os trompetes são sons garantidos nos trabalhos de Marcelo Camelo, que em carreira solo já lançou 3 discos: ‘Sou’, ‘Toque Dela’ e ‘Mormaço’. Na música ‘Vermelho’ do segundo disco, a presença da temática amorosa é embalada pelo som dos trompetes, o tradicional violão e outros instrumentos.

O gosto pelos trompetes vem desde os Los Hermanos.

Ouça 'Vermelho':


Marcelo, dessa vez, Jeneci, traz as influências do acordeão para as suas canções. O doce toque do piano também não pode faltar. Compositor da bela música ‘Amado’ e de ‘Felicidade’ que tocou muito nas rádios, o paulistano Jeneci, ganhou seu primeiro acordeão de Dominguinhos. O rapaz (agora homem feito) aprendeu a tocar o instrumento graças aos consertos que se pai realizava nos instrumentos. Ao chegar um novo acordeão para conserto, Jeneci aproveitava para aprender uma coisa nova. Na canção “Pra Sonhar”, o instrumento dá o toque especial, o “friozinho na barriga” de ouvir uma música boa e bem arranjada.  

O cantor paulistano Marcelo Jeneci

Ouça a música 'Pra Sonhar':


Agora com relação à qualidade vocal... É comum ver cantores como Mallu Magalhães, Clarice Falcão, Tiê, entre outros, não conseguirem alcançar notas altas e dar uma, digamos, pequena desafinadinha. O que já não é o caso da voz poderosa de Tulipa Ruiz.

Tulipa Ruiz
Tulipa atuou por dez anos como jornalista, no entanto nunca abandonou o amor a música. Em 2010 lançou seu primeiro disco, intitulado Efêmera. O disco rendeu-lhe frutos. A música ‘Só Sei Dançar Com Você’ ganhou trilha de novela.  Entretanto, é na delicada ‘Do Amor’ que a paulistana mostra a bela voz que tem.
Em seu segundo disco ‘Tudo Tanto’ contou com a participação de Lulu Santos numa canção em que a temática amorosa se distancia e entre em foco o dia a dia da grande maioria dos brasileiros. Um dos versos diz “Tem tanta conta e não tem grana pra pagar”.

Ouça a canção 'Do Amor':


Como fazem parte do século 21, muitos dos artistas da nova MPB lançam seus trabalhos pela internet. Mallu Magalhães utilizou do Myspace, Clarice Falcão, famosa por usar da comicidade em suas canções, utilizou do YouTube para lançar suas composições, A Banda Mais Bonita da Cidade, Leo Fressato, Tom Custódio,  são outros utilizadores do método.

mallu magalhães, leo fressato, clarice galvão, a banda mais bonita da cidade, tom custódio
A nova MPB tem como método de divulgação a internet
 Os saudosistas ainda têm livre acesso às raízes da MPB, os apreciadores do novo, tem um leque de opções ao ouvir MPB e entender que esse modo diferente é reflexo das transformações sociais e das evoluções musicais.

Afinal de contas, as mudanças são naturais à vida e por que não seria a música, se a arte imita a vida?

2 comentários:

  1. Amei o post. As vezes fico pensando se a mpb vai ser dominada pelos rocks fuleiros, pelo sertanejo universitario, ou outros modismos. E lendo esse post,vejo que nao acabara, apenas vai sofrendo novas interferências, e vai a cada dia se renovando. Cantores como Jeneci que eu amo de paixao! Amei esse blog, mesmoo!

    http://omelhorporultimo.blogspot.com.br/

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  2. Não só a MPB, Alice!!! Acredito que todos os estilos se transformam. Obrigada pelos elogios. Ficamos muito felizes :)

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